A política brasileira mais uma vez se vê no centro de um embate judicial que pode ter desdobramentos significativos. O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para o dia 25 de março de 2025 o julgamento que decidirá se aceita a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete acusados por tentativa de golpe de Estado. O caso, que vem ganhando destaque na imprensa e nas redes sociais, coloca o ex-mandatário em uma situação delicada e pode influenciar diretamente o cenário eleitoral de 2026.
Entenda a denúncia contra Bolsonaro
A denúncia apresentada pela PGR aponta que Bolsonaro e seus aliados teriam articulado uma tentativa de subverter a ordem democrática, questionando a legitimidade das eleições de 2022 e incentivando atos que poderiam levar a um rompimento institucional.
O inquérito se baseia em investigações da Polícia Federal, que identificou reuniões, documentos e declarações que indicariam a intenção de deslegitimar o processo eleitoral e, possivelmente, conduzir uma intervenção contra o resultado das urnas. Entre os elementos reunidos pelos investigadores, estariam gravações e testemunhos que reforçam a tese de que houve um movimento coordenado para desestabilizar as instituições.
Os eventos que culminaram na denúncia incluem declarações públicas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral, reuniões com militares e apoiadores radicais e, principalmente, o ambiente criado após a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, os atos do dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, são constantemente citados no contexto das investigações.
Como será o julgamento?
A Primeira Turma do STF será responsável por analisar a denúncia, composta pelos ministros:
- Cristiano Zanin (Presidente da Turma)
- Cármen Lúcia
- Flávio Dino
- Luiz Fux
O julgamento funcionará da seguinte forma: a PGR apresentará seus argumentos sobre por que a denúncia deve ser aceita, detalhando as provas reunidas. Em seguida, os advogados de Bolsonaro e dos demais acusados terão a oportunidade de apresentar sua defesa, contestando as alegações e pedindo o arquivamento do processo.
Para que a denúncia seja aceita e Bolsonaro se torne réu, é necessária a maioria dos votos dos ministros. Caso isso aconteça, o caso seguirá para a fase de instrução, onde testemunhas serão ouvidas, novas provas poderão ser anexadas e, posteriormente, será realizado um julgamento definitivo.
Se o STF rejeitar a denúncia, o processo será arquivado, e Bolsonaro não enfrentará esse julgamento específico — embora ainda existam outras investigações em andamento contra ele.
O que Bolsonaro diz sobre o caso?
Como era esperado, Bolsonaro criticou duramente a decisão do STF de levar a denúncia a julgamento. Em declarações recentes, o ex-presidente afirmou que está sendo alvo de uma perseguição política e que o processo está ocorrendo em uma “velocidade nunca vista antes”, o que, segundo ele, tem relação com sua posição de liderança nas pesquisas para as eleições de 2026.
Aliados do ex-presidente reforçam a narrativa de que Bolsonaro está sendo julgado por questões políticas e que não há provas concretas de que ele tenha organizado ou incentivado qualquer golpe. No entanto, seus opositores argumentam que as evidências reunidas até agora são suficientes para justificar a abertura do processo.
As consequências do julgamento
A decisão do STF pode ter grandes implicações para Bolsonaro e para o cenário político brasileiro. Se a denúncia for aceita, ele passará a responder formalmente como réu, o que pode dificultar sua estratégia para 2026, caso decida concorrer novamente à Presidência.
Além disso, um eventual julgamento e condenação poderiam torná-lo inelegível, barrando sua participação em futuras eleições. Esse é um dos maiores temores entre seus apoiadores, que veem no ex-presidente o principal nome da oposição ao governo Lula.
Por outro lado, se a denúncia for rejeitada, Bolsonaro ganhará um impulso político significativo, fortalecendo seu discurso de que é alvo de perseguição. Isso poderia consolidar ainda mais seu eleitorado e aumentar suas chances em uma eventual disputa eleitoral.
Próximos passos
A expectativa é que o julgamento do dia 25 de março seja acompanhado de perto por especialistas, políticos e pela população em geral. O veredicto do STF poderá definir os rumos da política brasileira nos próximos anos, seja consolidando Bolsonaro como uma alternativa forte para 2026, seja abrindo caminho para um novo nome da direita.
Independentemente do resultado, o episódio reforça a crescente judicialização da política brasileira e o impacto das decisões do Supremo Tribunal Federal no cenário eleitoral. Com os ânimos acirrados de ambos os lados, o julgamento promete ser um dos eventos mais marcantes do ano.
