A China anunciou nesta terça-feira (9) um aumento drástico nas tarifas de importação sobre determinados produtos provenientes dos Estados Unidos. A alíquota, que antes era de 34%, saltará para 84% a partir de 1º de julho de 2025. A decisão representa mais um passo na escalada de tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
De acordo com o Ministério das Finanças da China, a mudança foi definida após uma reavaliação do tratamento tarifário preferencial concedido anteriormente aos Estados Unidos. Com isso, diversos produtos norte-americanos deixarão de se beneficiar do Sistema Geral de Preferências (SGP) e passarão a pagar uma tarifa muito mais elevada ao entrarem no mercado chinês.
Medida tem alvo geopolítico claro
Ainda que o comunicado oficial não cite diretamente os EUA, a medida é interpretada como uma clara retaliação econômica às restrições comerciais impostas por Washington nos últimos anos. O salto de 50 pontos percentuais na tarifa atinge diretamente exportações agrícolas, industriais e químicas, setores em que os EUA dependem fortemente do mercado chinês.
A estratégia de Pequim sinaliza uma tentativa de pressionar a administração norte-americana em um ano eleitoral, principalmente em estados-chave que dependem do comércio exterior para sustentar economias locais — como é o caso de estados produtores de soja e carne.
Efeitos imediatos nos mercados
O impacto da medida foi sentido rapidamente nos mercados globais. Bolsas asiáticas operaram em queda, e o dólar avançou frente a moedas emergentes. Empresas norte-americanas expostas ao mercado chinês — como fabricantes de tratores, equipamentos pesados e commodities — tiveram retração no pré-mercado de Nova York.
Analistas apontam que a medida pode elevar os custos de produção globalmente, contribuindo para pressões inflacionárias em cadeias já fragilizadas por conflitos geopolíticos e gargalos logísticos.
Sinal de firmeza de Pequim
Com a medida, o governo chinês mostra que está disposto a responder na mesma moeda a ações que considera hostis por parte dos EUA. Pequim reforça sua postura de defesa de um comércio internacional baseado em regras, acusando os americanos de protecionismo e unilateralismo.
Essa não é a primeira retaliação tarifária recente — e dificilmente será a última. O aumento de tarifas de 34% para 84% é um recado forte, que eleva o tom do conflito e acende alertas em empresas, investidores e governos ao redor do mundo.