A ação MELK3, da incorporadora gaúcha Melnick Desenvolvimento Imobiliário, tem chamado atenção no mercado por uma combinação rara na Bolsa brasileira: preço acessível e pagamento robusto de dividendos. Enquanto muitos papéis negociados abaixo dos R$ 4 costumam carregar incertezas operacionais, a Melnick se destaca por apresentar lucro consistente, geração de caixa forte, crescimento operacional sólido e uma estratégia bem definida de atuação no setor imobiliário.
Em um cenário marcado por seletividade entre os investidores e foco na qualidade dos fundamentos, a empresa vem provando que, mesmo longe dos holofotes das grandes construtoras, é possível entregar resultados expressivos e manter-se financeiramente saudável — a ponto de distribuir mais de R$ 41 milhões em proventos aos acionistas.
Dividendo de dois dígitos atrai atenção para MELK3
O principal atrativo recente da MELK3 foi a distribuição de dividendos no valor de R$ 0,40 por ação em fevereiro de 2024, totalizando R$ 41,4 milhões. Considerando a cotação de fechamento da ação no período — por volta de R$ 3,74 — o rendimento chega a um dividend yield superior a 10%, um patamar bastante competitivo dentro da B3, especialmente no segmento de construção civil.
O pagamento reforça a posição da Melnick como uma empresa de capital aberto que, mesmo com um valor de mercado relativamente modesto, consegue remunerar seus acionistas com eficiência, equilibrando crescimento com distribuição de lucros.
Desempenho operacional sólido e margens sustentáveis
Os números do balanço do 4º trimestre de 2024 confirmam o bom momento da companhia. A Melnick encerrou o ano com R$ 837 milhões em vendas líquidas, um aumento de 3% em relação ao ano anterior, mesmo com os impactos causados por eventos climáticos no segundo trimestre. A margem bruta ajustada foi de 26,5% no trimestre e de 24,9% no acumulado do ano, mostrando resiliência nas operações e eficiência de execução.
O lucro líquido do 4T24 foi de R$ 34,2 milhões, com uma margem líquida de 16,6%, números expressivos para uma empresa focada no sul do país e com atuação ainda concentrada em Porto Alegre e região metropolitana.
A geração de caixa operacional também seguiu positiva, e a posição de caixa total atingiu R$ 464,8 milhões, mantendo um caixa líquido de R$ 104,5 milhões. Além disso, a empresa encerrou o ano sem dívida corporativa relevante, com 98,4% do endividamento concentrado em contratos vinculados ao Sistema Financeiro da Habitação (SFH), considerados de baixo risco no setor.
Foco em produtos de alta demanda e modelo de negócios híbrido
A estratégia da Melnick tem se mostrado acertada ao concentrar esforços em projetos residenciais de médio e alto padrão, faixas que mantêm demanda constante mesmo em momentos de maior seletividade no crédito. Além disso, a empresa tem apostado em um modelo inovador para escoar parte de seu estoque pronto: a locação com opção de compra.
De acordo com a própria companhia, 31% das unidades prontas foram alugadas em 2024, e um terço desses inquilinos optou pela compra do imóvel posteriormente. O modelo não só gera receita recorrente de locação, como também aumenta a liquidez do estoque e fideliza o cliente com uma experiência de moradia antes da aquisição.
Landbank bilionário garante fôlego para crescer
Um dos principais ativos estratégicos da Melnick é seu robusto landbank (estoque de terrenos e projetos futuros). A empresa encerrou 2024 com R$ 2,9 bilhões em VGV potencial (% Melnick), sendo que 14% já contam com aprovação de projeto, acelerando o ciclo de desenvolvimento.
O planejamento estratégico visa manter um ritmo consistente de lançamentos, priorizando localizações com alto potencial de valorização e retorno, especialmente em áreas nobres e consolidadas de Porto Alegre, como Bela Vista, Petrópolis e Moinhos de Vento.
Além disso, a Melnick participa de empreendimentos em parceria com grandes grupos como o Grupo Zaffari, o que amplia sua visibilidade e potencial de captação de clientes em nichos premium.
Resultados sólidos mesmo com cenário desafiador
Apesar do impacto das enchentes no RS no segundo trimestre de 2024, a Melnick conseguiu manter o cronograma de entregas, com 7 empreendimentos finalizados no ano, totalizando R$ 893 milhões em VGV entregue.
O número de lançamentos foi de R$ 1,5 bilhão (R$ 1,09 bilhão % Melnick), representando um crescimento de 49% em relação ao ano anterior. A VSO média dos lançamentos foi de 61% no trimestre, demonstrando boa absorção dos produtos ofertados.
Esses números colocam a Melnick entre as empresas do setor que melhor conseguiram equilibrar crescimento, rentabilidade e gestão de riscos em 2024.
Por que a MELK3 ainda está fora do radar?
Mesmo com todos os resultados positivos, a ação MELK3 ainda é negociada abaixo dos R$ 4, com um valor de mercado estimado em R$ 767 milhões. Para muitos analistas e investidores, isso configura uma clara assimetria de precificação, já que os múltiplos financeiros da empresa estão abaixo da média do setor, mesmo entregando resultados consistentes.
A liquidez diária média de MELK3 é de aproximadamente R$ 2,2 milhões, com cerca de 593 mil ações negociadas por dia — o que mostra que, apesar de não ser uma blue chip, a ação já conta com volume suficiente para atrair investidores pessoas físicas e até institucionais de menor porte.
Perspectivas para 2025: mais entregas, dividendos e valorização?
A Melnick inicia 2025 com 28 canteiros de obras em andamento e expectativas positivas para novos lançamentos. A depender da manutenção das margens e da geração de caixa, a empresa poderá repetir ou até ampliar o pagamento de dividendos, reforçando seu posicionamento como pagadora recorrente — algo raro no setor de construção.
A continuidade da recuperação do mercado imobiliário, especialmente nas faixas de médio e alto padrão, deve beneficiar a empresa, que possui experiência consolidada, portfólio diversificado e um modelo de negócios que privilegia rentabilidade e solidez patrimonial.
Para mais informações, acesse o Relatório de Resultados 4T24 ou o site de RI da empresa.