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Tarifaço de Trump reacende tensões comerciais e ameaça setores estratégicos da economia brasileira

A nova política tarifária de Donald Trump pode afetar diretamente setores como siderurgia, mineração e agronegócio no Brasil. Entenda quais empresas da B3 estão em risco com o tarifaço dos EUA.

O novo pacote de tarifas anunciado por Donald Trump, caso retorne à presidência dos Estados Unidos, promete reacender a tensão no comércio internacional e pode gerar efeitos negativos expressivos sobre a economia brasileira. Em um movimento de viés claramente protecionista, Trump propôs uma tarifa fixa de 10% sobre todas as importações, além de taxas ainda mais agressivas para setores considerados “estratégicos”, como aço e alumínio — dois produtos em que o Brasil tem forte presença no mercado americano.

Segundo especialistas, essa medida afeta diretamente o Brasil, que figura entre os maiores exportadores globais de aço e alumínio para os EUA. Mais do que uma preocupação comercial, esse tarifaço acende um alerta entre investidores e analistas da Bolsa de Valores brasileira, a B3, já que diversas companhias listadas dependem fortemente das exportações para o mercado norte-americano.

Setores da B3 mais afetados, segundo o Investalk

De acordo com uma análise publicada pelo portal Investalk, do Banco do Brasil, os setores com maior risco diante das tarifas propostas são:

Mineração e Siderurgia

Empresas como Vale (VALE3), Usiminas (USIM5) e CSN (CSNA3) estão entre as mais vulneráveis. A imposição de tarifas pode reduzir a competitividade dos produtos brasileiros, gerar sobreoferta doméstica e pressionar as margens das companhias. Esses setores dependem da previsibilidade de contratos internacionais e da fluidez do comércio exterior para manter resultados sólidos.

Papel e Celulose

Companhias como Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) também podem enfrentar um cenário adverso. Embora não estejam diretamente no foco do tarifaço, qualquer instabilidade nas relações comerciais entre Brasil e EUA pode afetar as exportações e desestabilizar o câmbio, impactando a dinâmica de preços no setor.

Agropecuária

Embora o agronegócio brasileiro tenha certa resiliência, a análise do Investalk aponta que produtos como soja, café, carne bovina e suco de laranja podem sofrer com represálias indiretas, redirecionamento de compras dos EUA ou mesmo barreiras técnicas adicionais. A cadeia de exportação de commodities alimentares pode ser redesenhada diante de um ambiente mais protecionista.

O que diz a BBC: Brasil está em “posição delicada”

Segundo reportagem da BBC Brasil, o Brasil corre o risco de ser um dos países mais prejudicados pelas novas tarifas americanas. Isso porque sua pauta exportadora é altamente concentrada em produtos primários, como metais, commodities agrícolas e matérias-primas — todos tradicionalmente afetados por políticas protecionistas.

A BBC aponta que, diferentemente de 2018, quando o governo brasileiro conseguiu negociar isenções parciais nas tarifas de aço, agora o contexto é mais complexo. O Brasil perdeu protagonismo no cenário diplomático internacional e pode encontrar mais resistência dos EUA na tentativa de estabelecer exceções bilaterais.

Especialistas ouvidos pela emissora também alertam que as tarifas generalizadas representam um risco sistêmico para países em desenvolvimento que têm nos Estados Unidos um dos principais parceiros comerciais.

Existe algum espaço para vantagem?

Apesar do cenário preocupante, alguns analistas destacam que o tarifaço pode, paradoxalmente, criar oportunidades. Isso ocorreria se países concorrentes diretos — como China, Índia ou México — forem mais afetados do que o Brasil, abrindo espaço para a indústria brasileira ocupar lacunas específicas no mercado americano.

Além disso, a instabilidade pode incentivar uma maior diversificação de mercados, forçando o Brasil a ampliar parcerias comerciais com Europa, Ásia e África. Esse movimento, embora exigente no curto prazo, poderia tornar o país menos dependente dos EUA e mais resiliente a choques futuros.

O que esperar do governo brasileiro?

Até o momento, o governo federal não anunciou uma resposta oficial ao tarifaço. Entretanto, de acordo com fontes ligadas ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o tema já é tratado como “urgente” nos bastidores. O governo deve buscar canais diplomáticos com Washington e articulação com o Mercosul para mitigar impactos diretos nas exportações brasileiras.

 

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