Exportações de aço e alumínio aos EUA disparam e revelam alta dependência do Brasil em 2024
Dados do governo apontam que 39,4% das exportações brasileiras de aço e alumínio foram direcionadas aos Estados Unidos em 2024, reforçando a exposição do Brasil a mudanças na política comercial americana.
As exportações brasileiras de aço e alumínio para os Estados Unidos bateram um recorde preocupante em 2024: quase 40% do total vendido desses produtos foi direcionado ao mercado americano, segundo levantamento da Investalk com dados oficiais do governo. O volume representa 3,37 milhões de toneladas, número superior ao de 2023, que já indicava um aumento expressivo.
O dado ganha relevância no contexto atual, em que o ex-presidente americano Donald Trump propôs um novo tarifaço sobre produtos importados, incluindo metais estratégicos. A elevada dependência das empresas brasileiras desse mercado acende um sinal de alerta para analistas e investidores.
Brasil lidera exportações de aço semiacabado para os EUA
Em 2024, o Brasil manteve sua posição como principal exportador mundial de aço semiacabado para os Estados Unidos, representando cerca de 75% das importações americanas dessa categoria. Entre os principais produtos estão tarugos, placas e lingotes, com larga aplicação na indústria automobilística, construção civil e eletrodomésticos dos EUA.
No caso do alumínio, o volume embarcado também cresceu, mas com destaque menor em comparação ao aço. Mesmo assim, o Brasil segue entre os cinco principais fornecedores de alumínio bruto para o mercado americano, reforçando a importância comercial dessa relação.
Impacto direto nas empresas brasileiras listadas na B3
A alta concentração das exportações para um único destino — especialmente em produtos industrializados de base — coloca diversas companhias listadas na B3 em situação vulnerável. Entre as mais expostas estão:
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CSN (CSNA3): Opera siderúrgicas com foco em placas e bobinas para exportação.
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Usiminas (USIM5): Atende o setor automotivo com aços planos, parte relevante com foco externo.
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Vale (VALE3): Embora centrada em minério de ferro, também opera na cadeia de metais industriais e pode ser afetada indiretamente por mudanças tarifárias.
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Companhias do setor de alumínio: Como a CBA (CBAV3), que já sofre com margens pressionadas e depende de mercado externo para liquidez.
Esse cenário reforça a necessidade de diversificação de mercados e maior previsibilidade nas relações bilaterais entre Brasil e EUA.
Sinais de alerta e movimentação do setor
Com o risco crescente de uma nova onda de tarifas comerciais, associações industriais brasileiras começam a se mobilizar junto ao governo federal para tentar garantir estabilidade nos contratos de exportação. A possibilidade de tarifas adicionais pode gerar impacto direto nos preços, na competitividade global e no nível de atividade industrial no Brasil.
O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) já iniciou monitoramento do tema, embora ainda não tenha anunciado medidas específicas. A expectativa é que o assunto ganhe peso em futuras negociações bilaterais e em fóruns multilaterais como a OMC.