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Governo Trump completa 80 dias com caos tarifário, tensões globais e promessas vazias sobre Bitcoin

O segundo mandato de Donald Trump, iniciado em 20 de janeiro de 2025, completou seus primeiros 80 dias em meio a um cenário turbulento. As promessas de campanha, centradas no fortalecimento da economia americana, retomada da influência global e avanço no setor de criptomoedas, enfrentam dificuldades de execução, gerando incerteza nos mercados e tensões entre aliados históricos.

Um retorno com cheiro de pólvora econômica

Ao reassumir a presidência dos Estados Unidos, Trump rapidamente reinstaurou uma série de tarifas comerciais que haviam sido reduzidas durante o governo anterior. As justificativas seguem a linha nacionalista adotada desde seu primeiro mandato: proteger a indústria nacional, frear a dependência de insumos estrangeiros e equilibrar a balança comercial americana.

No entanto, os números apontam para um impacto imediato nos fluxos de importação e exportação. Segundo dados do Departamento de Comércio dos EUA, as tarifas afetaram mais de 180 países, com alíquotas variando entre 10% e 50% sobre setores como tecnologia, energia, aço, produtos agrícolas e até itens de consumo básico. A China, principal alvo das medidas, viu suas exportações aos EUA caírem 27% em dois meses, respondendo com retaliações tarifárias e bloqueio de contratos com empresas americanas.

Na tentativa de conter o colapso nas cadeias de suprimento, a Casa Branca anunciou, no início de abril, uma trégua tarifária de 90 dias para a maioria das nações. A medida, no entanto, exclui a China, que foi atingida por um novo aumento de tarifas, chegando a 125% sobre certos produtos tecnológicos.

“Essas políticas podem ter efeito interno positivo no curto prazo, mas o custo global e diplomático pode ser alto”, analisa Robert Lang, professor de política econômica da Georgetown University.

A nova face da diplomacia americana: confrontos e ameaças veladas

As tensões econômicas se somam a um reposicionamento agressivo da diplomacia americana. O governo Trump voltou a mirar em pontos estratégicos do globo, como o Canal do Panamá, a Groenlândia e as reservas de petróleo no Ártico. Em uma série de declarações consideradas provocativas, o presidente sugeriu que os EUA têm o direito de “recuperar ativos estratégicos perdidos para interesses globais”.

Além disso, relações tensas com o Canadá ganharam os holofotes depois que Trump acusou o país vizinho de “conluio energético com potências antiamericanas”, em referência ao acordo canadense com a Rússia para fornecimento de gás natural liquefeito. A resposta de Ottawa foi direta, chamando a retórica americana de “intervencionista e antiquada”.

A retórica também se intensificou com membros da União Europeia e o México, e, segundo analistas internacionais, há um temor crescente de que os Estados Unidos adotem uma postura isolacionista mais radical nos próximos meses.

“Trump está fazendo exatamente o que prometeu, e isso está redesenhando as relações internacionais. O problema é: a que custo?”, afirma Elena Grimaldi, especialista em relações exteriores da Brookings Institution.

Bitcoin: da promessa presidencial à estagnação silenciosa

Durante sua campanha em 2024, Trump surpreendeu o mercado financeiro ao declarar que os Estados Unidos deveriam liderar o mundo das criptomoedas. Anunciou a criação de uma “reserva federal de Bitcoin”, prometeu incentivos para mineradoras operarem em solo americano e se comprometeu com uma regulação “descentralizada e amigável ao investidor”.

A repercussão foi imediata. O Bitcoin disparou e atingiu US$ 80.000 em novembro de 2024, impulsionado por uma onda de otimismo generalizado, sobretudo entre investidores de varejo. Exchanges americanas relataram aumento de até 40% no volume de negociações, e empresas de tecnologia correram para anunciar projetos vinculados à blockchain.

Mas, 80 dias após a posse, nenhuma medida concreta foi tomada. O Departamento do Tesouro limitou-se a emitir um comunicado genérico afirmando estar “em estudo avançado sobre ativos digitais”. Já a Casa Branca, após semanas de silêncio, informou apenas que o presidente “mantém o compromisso com a liberdade financeira, mas prioriza assuntos estruturais neste momento”.

A decepção se reflete no mercado. O Bitcoin, que sustentava valorização acima de US$ 75 mil, recuou para a faixa de US$ 66 mil, enquanto outras criptos enfrentam quedas de até 30%. Projetos que dependiam de incentivos federais estão em espera, e analistas agora consideram improvável qualquer avanço significativo no curto prazo.

“A expectativa foi criada com base em discursos, mas até agora não há uma estrutura real de apoio ao mercado cripto. Isso mina a confiança”, diz Mariana Diaz, analista de criptoativos do Morgan Digital.

Uma Casa Branca em ritmo acelerado e imprevisível

A marca registrada da nova gestão Trump é a velocidade e intensidade com que as decisões são tomadas. Sem precedentes no discurso diplomático moderno, sem clareza nas diretrizes econômicas e com muitas promessas tecnológicas ainda não concretizadas, os EUA voltam a ocupar o centro do debate global — para o bem ou para o caos.

Este artigo foi inspirado na reportagem publicada pelo Investalk:
🔗 Governo Trump completa 80 dias com caos tarifário, esforços geopolíticos e poucos avanços em Bitcoin – Investalk

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